Você já parou para pensar sobre a sua relação com a comida? É difícil enxergar essa relação de uma forma mais afetiva e espiritual em uma sociedade como a nossa, que vê a comida como inimiga, como recompensa por uma semana de dieta, ou até como compensação: “eu tive um dia difícil, eu mereço comer duas caixas de bombom!” Até o jejum, um hábito comum na maior parte das religiões, em que o propósito está muito ligado a desviar os olhos das coisas deste mundo, e então direcionar sua mente ao sagrado, a indústria das dietas conseguiu deturpar essa tradição espiritual milenar e transformou o jejum na mais nova e efetiva maneira de: Tornar-se magro.
Será que empanturrar-se ou privar-se são as nossas únicas opções? Será que o universo com toda sua abundância, nos criou em meio a uma vasta e diversa natureza para vivermos contando calorias, perdendo o controle e sendo escravos de uma relação punitiva com o que nos alimenta?
No livro “Conscious Eating” o Dr. Gabriel Cousens defende a ideia de que a dieta ideal contempla os princípios que sustentam a árvore da vida e que o cenário para uma consciente vida espiritual inclui meditação e/ou oração; cultivar sabedoria; estabelecer relações com outras pessoas em busca de uma consciência desperta; respeito ao planeta e a seus habitantes; amor da família e de toda a humanidade; respeito a todas as culturas, respeito a força da mãe natureza; respeito e amor por nossos próprios corpos e mentes; e amor por tudo que somos.
Odiar o próprio corpo não é algo que nos ajudar a evoluir. O tempo e energia que desperdiçamos pensando em dietas do momento, corpo, peso, nos impede de construir coisas lindas nas mais diversas áreas da vida. Ao invés disso, podemos construir com ela uma relação de aliada, que nos ajudará a atingir uma vida de harmonia.
O que nós comemos é simultaneamente causa e efeito da nossa consciência e alimentar-se deve ser o ato consciente de alguém que está carregado de vitalidade e alegria, não deveríamos tentar conseguir essa alegria através da comida ou de um ideal de corpo. Alegria e bem-estar são estados de vida, conquistados através de um trabalho de autoconhecimento, não dependem de coisas externas, quem espera que a felicidade venha do entorno, passará a vida esperando.
Para algumas pessoas o começo de uma caminhada espiritual começa através de uma mudança na alimentação, para outras trabalhar a espiritualidade foi a porta de entrada para uma transformação na relação com a comida. O fato é que uma coisa não consegue andar separada da outra, afinal nutrição é o que nos permite manter as nossas funções vitais.
A ayurveda entende que certos alimentos e combinações podem ser muito benéficos para certas pessoas e causar danos a outras, porque as medicinas orientais já descobriram há milhares de anos que as pessoas são diferentes e possuem necessidades diferentes. Talvez a sua amiga se dê muito bem com uma dieta low carb, mas não é por isso que será o ideal para você, portanto é importante dedicar tempo e energia a observar-se e conhecer-se. A resposta não está em nenhuma dieta da moda, nem no cardápio da revista.
A meditação certamente é uma ferramenta aliada nesse processo, a vontade de trabalhar o autoconhecimento e o desejo real de mudar a sua relação com os alimentos. O mais importante é lembrar de respeitar o seu processo e tratar-se com compaixão.
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Por Martha Maximiano: